História da cidade de Braga
A ocupação humana da região onde se integra o município de Braga remonta a milhares de anos, estando documentada por vestígios que adquirem monumentalidade a partir do período megalítico. Na época correspondente à Idade do Ferro, desenvolveu-se a denominada cultura castreja, característica do povo brácaro que ocupava estrategicamente sítios fortificados nos pontos altos do relevo. O processo de romanização iniciou-se por volta do ano 200 A.C., consolidando-se a partir dos primórdios da nossa era, com a fundação da primeira cidade de Braga - Bracara Augusta. A partir do século V, as invasões bárbaras (povos: Suevo e Visigodo), trouxeram à região profunda conturbação que se prolongou com os Árabes até finais do século VIII, só se iniciando o processo reorganizativo nos finais do século seguinte. ![]() Cerca de 1070, D. Pedro, primeiro Bispo de Braga, reorganiza a Diocese, conhecendo a cidade e a área envolvente um clima de franco fortalecimento das suas estruturas fundamentais. A urbe vai-se desenvolvendo em torno da Catedral circunscrita ao núcleo amuralhado e sucessivamente fortificado ( D. Henrique, D. Dinis e D. Fernando), não sofre significativa expansão. Braga no século XVI, é uma cidadela que vive à margem dos ventos dos descobrimentos e do "progresso" consagrado na época. D. Diogo de Sousa (insigne Arcebispo), homem de ideias renascentistas, vai transformá-la de tal forma, que se pode falar em refundação, sobrevivendo a nova Bracara, quase inalterada, até ao século XIX. Ao período vivido entre meados de quinhentos e as primeiras décadas de setecentos, associa-se um fervoroso clima de religiosidade, patente na afluência de comunidades religiosas que vão construir Mosteiros, Conventos e Igrejas, apagando sucessivamente os edifícios de traça romana e influenciando a própria arquitectura civil através do recobrimento das fachadas do casario com gelosias. No século XVIII, Braga ressurge e brilha nas floreadas curvas do Barroco, protagonizadas pelos Arcebispos da Casa de Bragança e pelo génio artístico de André Soares (Arquitecto 1720- 1769), que lhe conferiram para a eternidade, um legado excepcional, verdadeiro Ex-Libris do Barroco em Portugal. No final do século assiste-se com Carlos Amarante (Engenheiro e Arquitecto 1742-1815) à transição para o Neoclássico. A viagem em curso pelo século XX, consolidou e implementou novos instrumentos de desenvolvimento (água, saneamento, transportes, etc.), importando mencionar em termos de património construído o edifício do Teatro Circo e o conjunto de fachadas que definem o topo nascente da Avenida da Liberdade. ![]() O período pós-revolução traduziu-se num enorme crescimento a todos os níveis (demográfico, económico, cultural, urbanístico), convertendo-se Braga, muito provavelmente na terceira cidade do País. Ao nível das intervenções arquitectónicas, há que referir ainda, o Estádio Municipal de Braga, o Teatro Circo, o Mercado Municipal do Carandá e o Palácio de Exposições e Desportos, edifícios considerados importantes no contexto da arquitectura portuguesa contemporânea. Por outro lado, assiste-se a uma actuação permanente e sensibilizada em prol do magnífico património arquitectónico bracarense. O ano 2000 foi o ano comemorativo do bimilenário da cidade de Braga. O programa organizado em torno de tão notável evento pretendeu lançar um olhar às raízes da cidade dos Arcebispos. Esta contemplação do passado tencionou evocar a multiplicidade de acontecimentos e figuras marcantes ao longo destes dois milénios de história de uma cidade que caminha para a modernidade, procurando afirma-se na sua singularidade regional e nacional. |
Situação Geográfica
Situada no coração do Minho, Braga encontra-se numa região de transições de Este para Oeste, entre serras, florestas e leiras aos grandes vales, planícies e campos verdejantes. Terras construídas pela natureza e moldadas pelo Homem. Inserida na região do Minho, Braga é sede do distrito homónimo.
Geograficamente Braga localiza-se no vale do Cávado, na região Noroeste de Portugal Continental, à latitude N 41º 32`39`` e longitude W 8º 25`19``.
Com uma área de 184 Km2 confronta a Norte com os concelhos de Vila Verde e Amares, a Nordeste e Este com Póvoa de Lanhoso, a Sul e Sudeste com Guimarães e Vila Nova de Famalicão e a Oeste com o concelho de Barcelos.
O relevo do concelho, é caracterizado por uma relativa irregularidade com áreas de vale que se espalham por todo o território, que se contrapõem amiúde com pequenas formações montanhosas, dispostas segundo alinhamentos paralelos aos rios principais. Limitado a norte pelo rio Cávado, a sul pelo conjunto de elevações que formam a Serra dos Picos (566m) e a nascente pela Serra dos Carvalhos (479m), o concelho de Braga, abre-se a poente para os concelhos de Famalicão e Barcelos. O território desenvolve-se de nordeste para sudoeste, acompanhando os vales dos dois rios que o atravessam, os quais, juntamente com os outros cursos de menores dimensões, geraram duas plataformas.
Predominam as zonas de vale, que não atingem altitudes elevadas, variando os seus valores entre os 20 e os 570 metros, pelo que a exposição solar, é de um modo geral boa em quase todo o território.
Administrativamente, o concelho de Braga é a capital do distrito de Braga e abrange a totalidade de 62 freguesias, atingindo a população total residente um valor de 164 192 habitantes, em 2001. Sendo um concelho predominantemente urbano, principalmente em torno da cidade.Clima:
O clima de Braga é favorecido pela influência Atlântica, devido aos ventos de Oeste que são canalizados ao longo dos principais vales, transportando grandes massas de ar húmido, assim pode considerar-se que o clima da região é ameno e com as quatro estações bem definidas. Com efeito, essas massas, de ar mantêm a humidade relativa em valores que rondam os 80%, permitindo a manutenção dos valores médios da temperatura anual entre os 12.5º C e 17.5ºC. No entanto, devido ao acentuado arrefecimento nocturno, geram-se frequentemente geadas, cuja época dura de três a quatro meses, cerca de trinta dias de geada por ano. A precipitação anual ronda os 1659 mm, com maior intensidade nas épocas de Outono e Inverno e Primavera.
Os Invernos são bastante pluviosos e frios, e geralmente com ventos moderados de Sudoeste. Em anos muito frios pode ocorrer a queda de neve. As Primaveras são tipicamente frescas, as brisas matinais ocorrem com maior frequência, principalmente nas maiores altitudes. De salientar o mês de Maio que é bastante propício às trovoadas, devido ao aquecimento do ar húmido com a chegada do Verão. Os Verões são quentes e solarengos com ventos suaves d'Este. Nos dias mais frescos, podem ocorrer espontaneamente chuvas de curta duração, bastante importantes para a vegetação, tornando a região rica em vegetação durante o ano inteiro e pela qual é conhecida como Verde Minho. Os Outonos são amenos e pluviosos, geralmente com ventos moderados. Enquanto a temperatura desce, aumenta a pluviosidade até atingir os valores mais altos do ano. Existe uma maior frequência de nevoeiros, principalmente no Vale do Rio Cávado onde ocorrem nevoeiros matinais bastante densos.
Em termos arqueológicos, encontra-se na cidade, entre outros:
Fonte do Ídolo
A Fonte do Ídolo (M.N./V.)* é um monumento romano da cidade, localiza-se na Rua do Raio, na zona central da cidade.
Possivelmente construída no século I dC, A Fonte do Ídolo consiste de uma fonte de água com inscrições e figuras esculpidas em um afloramento natural de granito. Uma inscrição indica que um tal Célico Fronto, natural de Arcóbriga, mandou fazer o monumento. Perto dessa inscrição se encontra uma figura vestida com uma toga, que poderia representar o dedicante. Ao lado, sobre a fonte d'água, se encontra outra figura esculpida: um busto, erodido, dentro de um nicho de perfil clássico com uma figura de uma pomba no frontão. Perto dessa figura se encontra outra inscrição com o nome do dedicante e o nome da divindade Tongoenabiago, que provavelmente é representada pela figura do nicho. Perto da fonte se encontraram vestígios arquitectónicos que indicam que o santuário pode ter sido parte de um templo.
Termas Romanas
As Termas Romanas do Alto da Cividade (M.N./V.)* ficam situadas na freguesia de Cividade.
Em 1977, escavações efectuadas na colina da Cividade de Cima, puseram a descoberto as ruínas dumas termas públicas junto ao Forum da antiga cidade romana, situado, segundo a tradição, no actual Largo de Paulo Orósio. As termas públicas eram vastos edifícios preparados para proporcionar aos habitantes ou visitantes da cidade a possibilidade de tomar o seu banho de acordo com as regras prescritas pela medicina da época. Segundo estas, o banhista devia começar por untar o corpo com óleos e praticar alguns exercícios de ginástica, desporto ou luta livre. Entrava depois numa sala muito aquecida, o sudatório, onde transpirava abundantemente. Passava então ao caledário, sala ainda aquecida, onde podia lavar-se e retirar os restos de óleo. Depois de uma curta passagem pelo tepidário, mergulhava na piscina do frigidário, cuja água gelada lhe revigorava o corpo, sendo em seguida massajado e untado de óleos aromáticos.
A área escavada das termas ocupa cerca de 850 m2. Estas termas eram, todavia, mais vastas, como se pode ver pela presença do hipocausto e piscina a sul, separados do restante corpo do edifício por um estreito corredor. Foram construídas nos finais do século I, restando desta fase o testemunho das quatro salas quentes cujos hipocaustos se encontram relativamente bem conservados. Não se conseguiu ainda definir o seu circuito interno nem a função de alguns dos seus compartimentos anexos. Nos finais do século III, o edifício sofreu uma grande remodelação e a sua superfície foi muito reduzida.
Balneário Pré-Romano
O Balneário Pré-Romano de Bracara (V.)* ou Balneário pré-romano da Estação da CP, situa-se na Estação de Caminhos de Ferro.
Foi descoberto durante as escavações da nova estação de comboios de Braga. Tem cerca de 4 m de comprimento x 2 m de largura, e segundo os arqueólogos foi construído durante o período pré-romano (época castreja) no noroeste da Península Ibérica.
O balneário era semienterrado, típico da cultura castreja, de paredes em pedra e tecto em lajes de pedra que encaixavam nas paredes exteriores e numa viga central de madeira. O interior estava dividido em três zonas, uma sala de sauna, um forno e uma sala intermédia de transição. Entre a sala intermédia e a sala de sauna existe uma grande laje com uma abertura semicircular, abertura que permitiria a entrada e saída da sala de sauna. A laje destinava-se a reter o calor proveniente da sala de sauna.
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